segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Sombra

Apaixonar-se é morrer em silêncio. O médico se nutre da dor, da queixa e do pranto. As notícias são sempre negras a princípio, para talvez se tornarem felizes. Mas a essência são as lágrimas. Há uma beleza nisso. Há uma beleza em compartilhar o medo, há um pouco de luz nas trevas macias da tristeza. O homem é frágil, e o médico mais ainda. Sua fragilidade reside na esperança, no quiçá sorrir outra vez. Carregar as mágoas próprias e alheias é um fardo feliz. Não há mártir aí, somente o tentar quantas vezes for preciso para selar a escuridão por trás das portas frias dos hospitais. O médico é um apaixonado. O médico é feito de sombra.